Há pastores(as) e pastores(as)...

Há aqueles(as) que nem deveriam receber esse nobre título, pois, apesar de estarem envolvidos com a tarefa pastoral, apresentam posturas vergonhosas e questionáveis. Dentre esses(as) podem estar usurpadores(as), interesseiros(as), abusadores(as), agressores(as), narcisistas, arrogantes, altivos(as), donos(as) da verdade absoluta, inquestionáveis, inacessíveis, individualistas, astutos(as), delirantes, psicóticos e, alguns podem até mesmo ser psicopatas. Há alguns(mas), que travestidos(as) de “lobo em pele de cordeiro”, são enganadores(as), mitomaníacos(as), fraudulentos(as), ladrões do bolso e da alma de seus “rebanhos”. Algumas pessoas podem ser “vítimas” de pastores(as) com esse perfil, mas nem sempre as pessoas que se submetem à esse tipo de pastoreio, são tão inocentes assim. Permanecer em um contexto em que o(a) pastor(a) apresenta posturas tão questionáveis, que utiliza estratégias que não condizem com a poimênica pastoral e que apresenta “delírios” em suas interpretações e aplicações teológicas, pode sinalizar que existe alguma identificação com as premissas estabelecidas ali.
Assim como têm pastores(as) com posturas questionáveis, têm uma infinidade de membros de igrejas que têm uma relação utilitarista com seus pastores(as), com posturas narcisistas e hedonistas. Dentre os membros também podem haver psicóticos e alguns psicopatas, as vezes podendo estar presentes em equipes ministeriais, administrativas e em diretorias. Infelizmente, tem um grandioso público que se mostra consumidor dos serviços pastorais e com restrita habilidade em reconhecer os bons(s) pastores(as). Bons(as) pastores(as), em contextos eclesiásticos tóxicos, podem ser usados e perseguidos de forma que, com o passar do tempo, se veem destruídos em sua vocação, autoestima e identidade. Sistemas eclesiásticos que têm uma relação utilitarista com seus pastores(as), muitas vezes lançam mão de assédios morais que podem adoecer o(a) pastor(a), bem como a sua família.
Pastores(as) quando vistos(as) como utilitários, apenas são interessantes pelo que podem dar, seja um abraço, uma palavra, um conselho, um ensino, uma oração, uma atenção, uma visita ou uma ajuda. De acordo com essa perspectiva, também se fortalece o ideal da liderança mítica, como se o(a) pastor(a) fosse um(a) superdotado(a) em dons e sobrenaturalidades. Assim sendo, se espera que seja um modelo infalível para a igreja, caso contrário, pode ser descartado(a) e trocado(a) por outro(a). Dessa forma, muitos(as) bons(as) pastores(as), se veem altamente exigidos(as) e acabam atendendo as expectativas de desumanização, podendo adoecer no físico, na mente, nas emoções e nas relações. Por isso, cabe bem a avaliação, não somente das posturas(as) do(a) pastor(a), mas também do sistema eclesiástico institucional, do qual se faz parte.
No entanto, nem todos(as) pastores(as) e sistemas eclesiásticos tem um perfil tóxico, distorcido ou questionável. Têm aqueles pastores(as) que são dignos de expressões de gratidão e reconhecimento das pessoas honrosas que mostram ser! São pastores(as) que têm um coração maravilhoso, do bem, repleto de nobres intenções. Se dispõem a uma entrega ao serviço do Reino de Deus de forma vocacionada, inteligente, sábia, abnegada, dedicada, empática, solidária e responsável. Apesar de não serem perfeitos, são pastores(as) honestos(as), transparentes, abertos ao aprendizado, estudiosos(as), acessíveis, amorosos(as), empáticos(as), acolhedores(as), compassivos(as) e cuidadores(as). São pastores(as) cientes de que fazem parte do grande “rebanho de Deus” e que o Grande pastor(a) não é ele(ela), mas Cristo. Por isso, se mostram mais humildes em suas intervenções e mais habilidosos na escuta e nas falas. Ao mesmo tempo reconhecem a sua humanidade, suas limitações, parcialidades e imperfeições. Em situações de erros se mostram dispostos ao arrependimento, reparações e aprendizados. Essas posturas interferem positivamente em seu ministério, alinhando melhor as propostas pastorais com estratégias poimênicas, o que favorece um exercício pastoral mais coerente e consistente.
Da mesma forma, têm sistemas eclesiásticos que sabem honrar aos quem honram a Deus pela entrega de suas vidas ao ministério. São sistemas mais abertos a avaliarem ambos os lados, e reconhecem a importância do ministério pastoral e seus desafios. Conseguem perceber que ao mesmo tempo em que o(a) pastor(a) se dispõe para o cuidado pastoral, a igreja também se ocupa dos cuidados de seus(as) pastores(as). Para um contexto eclesiástico que tem em suas pautas ministeriais o conceito bíblico do cuidado de uns aos outros, seria incoerente se negligenciasse ou perseguisse seus(uas) pastores(as). O cuidado mutuo, onde toda comunidade se envolve no serviço e cuidado, não apenas o pastor e a pastora servem como se fossem utilitários, favorece um contexto mais alinhado com o conceito de igreja descrito nas Escrituras.
Portanto, para quem está em um contexto em que as posturas do(a) pastor(a) são questionáveis, seria importante avaliar bem a situação e assumir um posicionamento responsável diante desse cenário. No entanto, para quem está em um contexto onde o(a) pastor(a) apresenta um perfil digno de honra, seria de bom tom honrar a sua vida levando até ele(a) palavras e expressões de bênção e gratidão. “Digno de honra” não significa que pastores(as) devam ser perfeitos(as), mas que sejam reconhecidos como pessoas que honram ao Senhor com suas vidas nas vidas de outras pessoas, anunciando as boas novas e trazendo as boas notícias da salvação.
“Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem a Sião: 'O seu Deus reina!'" (Isaías 52.7)
